25.1.12

estou às voltas numa cidade que não me pertence em busca de formas de te magoar. caminho com os saltos na mão, depois de me esgueirar duma casa que não a minha tentando não acordar alguém a quem tentei dar mais do que a ti. sentiste? não fui tua, disse-lhe tudo o que te dizia, da mesma forma, e levei-o à loucura, copiosamente, toquei-lhe nas mesmas partes do corpo e fingi que o deixava tocar-me também. vou re-inventar tudo o que aprendi contigo e colocar um outro no teu lugar, mas desta vez sou eu quem vai destruir tudo e ir embora sem olhar pra trás. agora vou apenas procurar uma estação de metro para voltar para casa, pôr mais um vestido preto, arranjar o cabelo e fazer tudo de novo.

22.1.12


And Dark Was The Night. And twisted the thoughts, and they were crawling in a way that said "what if", with a daring sound that makes you want to have just a taste, a small bite of what could have been. So you wonder, "what if?" I had chosen differently, or since I'm here, "what if?" I just let go, as if I'm driving faster that permitted and I am already seeing a harsh curve down there, "what if" I do not turn the wheel, "what if" I don't even hold on to it, "what if" I just close my eyes, dream of what it could have been, how it could have been, and finally, like as if I would be able to feel everything with every inch of my body absorbing all the sensations possible, "what if" I just let go? I don't even like it here that much.



18.1.12

"You've been used, you're confused
Write a song, I'll sing along
Are you calm? Settle down
Soon you will know that you are sane
You're on top of the world again."



- Belle & Sebastian, expectations

13.1.12

suicide note




é sexta feira, dia treze

e entre superstições que não são minhas


(porque hoje estou vazia)


vou acabar o que começaste

gritar sem voz, o desgaste

porque foi como me deixaste

um lixo, um traste,

um saco vazio no vento,

que sem ele não tem sustento,

ao menos não me mataste.


Ao menos não me mataste?

pois mais valia tê-lo feito

do que todo o sonho desfeito

aquele onde me afogaste,

rapidamente, me entrelaçaste,

mais rápido me acordaste.


Mas por que me acordaste?

se eu estava tão bem sonhando,

ser outra que não eu,

alguém feliz, que tudo deu

o que tinha e o que imaginava

sem saber que o sonho se acabava.


E dormindo, sonhando,

seguraste-me pelos ombros e me abanaste,

com todas as forças me arrancaste,

da ilusão que se desvanecia,

do muro que caía,

de verdes pedras, ainda tão poucas,

que duas pessoas loucas,

um dia julgaram ser capazes de erguer.


Mas nem com a tua voz o fizeste,

com estranha calma e ponderação,

aquele timbre que sempre me segurou a mão,

deixava-me agora ao silêncio da minha escuridão.


Não, não ia deixar cair a máscara,

Aliás só os ratos sentem,

só os ratos têm medo,

só os ratos choram - foi o que me ensinaste;

e mantive uma serenidade que me tiraste.


Sequei as lágrimas que não me permitiste,

Pus o sorriso que pediste,

Máquina de acções, andar comer sorrir,

até ser hora de o comboio partir.


Mas as três horas que se seguiram,

nada mais me permitiram,

que adormecer os sentimentos,

refugiar em livros, filmes e entretenimentos,

Ansiando pelo regresso a casa,

Tentando não pensar em mais nada.


E foi aí que caí.

Num grito mudo, numa lágrima seca, num soco imóvel,

E afoguei-me entre as drogas dos comuns mortais

Sendo nada mais do que as demais - afinal eu era um rato.

Mas era realmente em mim

que me ia afogando

numa escuridão sem fim

no vazio que deixaste,

não voltaste, nem reparaste,

tu nem sequer tentaste!

e nesse silêncio escuro e vazio,

onde só queria deixar de nadar e adormecer.

Deixar.

Apagar por fim, o pavio

Para me deixar arder.





Mas não hoje. Hoje é dia treze

coincidências, esperanças, destinos,

e entre tanto azar e sorte,

vou deixar de brincar aos casinos.

Hoje eu controlo a minha morte.